INTRODUÇÃO

Simulink (2018) é um software baseado em diagrama de blocos usado para modelagem, simulação e análise de sistemas dinâmicos. Permite trabalhar com sistemas lineares e não lineares, contínuos ou discretos. Simulink fornece um editor gráfico, bibliotecas de blocos personalizáveis usados para modelar e simular sistemas. É integrado com o MATLAB®, permitindo a incorporoação de algoritmos do MATLAB ao projeto Simulink, e também a exportação dos resultados de simulação.

Esta Atividade consiste em 4 partes: (i) familiarização com o ambiente Simulink. (ii) Criação de um modelo simples de EDO 1ª. Ordem, (iii) Criação e simulação de um modelo
de Sistema de Amortecimento (Massa e Mola), EDO 2ª. Ordem. (iv) Modelagem de um Sistema Elétrico, de acordo com o problema enunciado.

1ª Parte – Familiarização com o Ambiente Simulink

O Simulink é executado dentro do ambiente do MATLAB. Esta Atividade utiliza a versão atual do software (2018). Ao acessar o MATLAB é possível digitar na linha de comando
“Simulink” ou clicar no ícone com esse nome. Posteriormente, será exibida uma tela que permite ao usuário abrir um modelo/template, criar um novo modelo/projeto ou biblioteca, dentre outras possibilidades, conforme Figura 1.

 

Figura 1: Tela inicial do Simulink.

Durante as Atividades usou-se a opção “Blank Model”. Ao criar um modelo em branco, o Simulink permite o uso de Bibliotecas instaladas através da interface de blocos. A
janela “Simulink Library Browser” mostra do lado esquerdo as Bibliotecas disponíveis, enquanto que à direita são exibidos os blocos correspondentes à biblioteca selecionada, em ordem alfabética, conforme Figura 2.

Figura 2: Visão Geral da Tela do Simulink.

Para a criação de um novo modelo em bloco é necessário selecionar o bloco, clicar e arrastá-lo para a área de trabalho do Modelo. Já para configurar as propriedades de cada
bloco, basta clicar duas vezes sobre o mesmo. Um bloco liga a outro através das setas direcionais.

O processo de criação de um modelo no Simulink segue o Workflow da Figura 3. A sequência de definição do Modelo, Componentes e Layout é imprescindível para a realização dos testes dos componentes.

Figura 3: Workflow das principais tarefas do Simulink – modelo baseado em blocos (SIMULINK, 2018, Cap. I, p. 5).

Os modelos a seguir utilizaram-se das seguintes bibliotecas: Continuous, Math Operations, Skins e Sources.

 

2ª Parte – Modelo Simples de EDO 1ª. Ordem

O primeiro exemplo trata-se de uma equação matemática referente a uma Equação Diferencial Ordinária, conforme equação abaixo.

O Simulink utiliza algoritmos de integração para resolver as equações numericamente. Dentre os métodos numéricos mais utilizados para resolver  integrais, o Simulink faz uso da família Runge-Kutta de 2ª, 4ª e 5ª ordens e do método de Euller.

Para simular a equação EDO de 1ª. ordem (Figura 4), utilizou-se inicialmente o bloco “Sine Wave”, com as configurações: Amplitude = 3 e Frequência=2. O próximo
bloco foi o “Integrator”, disponível na biblioteca “Continuos”, cujo valor inicial foi configurado para -1.  O bloco “Scope” fornece a saída visual no formato gráfico, conforme visualizado na Figura 5.  Para iniciar a simulação é necessário clicar no ícone “Run”.

Figura 4: Modelo em blocos referente à EDO de 1ª. Ordem

 

Figura 5: Saída do Modelo EDO de 1ª. Ordem

 O resultado da simulação mostrou um Pico igual a 2, um Vale igual a -1 e um período um pouco maior que 3 (aproximadamente 3,169). A solução

 

3ª Parte Sistema de Amortecimento (Massa e Mola) – EDO 2ª. Ordem

Essa Atividade descreve um sistema mecânico de Amortecimento de Massa e Mola. A ideia principal é avaliar a estabilidade do Sistema, ou seja, superamortecido, subamortecido
ou se a mola nunca para (criticamente amortecido). Esquematicamente podemos representar conforme visto na Figura 6.

Figura 6: Modelo de Sistema Massa-Mola-Amortecimento. Disponível em https://slideplayer.com.br/slide/2377201/.

A equação do modelo de Amortecimento (Massa e Mola) é uma EDO de 2ª. ordem, cujo termo de maior ordem foi isolado para a construção do modelo em blocos no Simulink.

Os parâmetros utilizados no modelo de Amortecimento (Massa e Mola) são: condição inicial ; para a entrada de  o valor inicial é zero e o final 3; o valor da massa é , o valor de camping  (constante de amortecimento) e  . Com isso, criou-se o modelo em bloco de Amortecimento (Massa e Mola) conforme Figura 7.

A localização do bloco Sum está na biblioteca Math Operation, responsável por realizar as operações aritméticas. O componente de Ganho (bloco Gain) também se encontra nessa biblioteca e foi configurado incialmente como , referente ao denominador do sistema. Em seguida, foram adicionados dois componentes Integrator, o primeiro calcula a integração equivalente a 2ª. ordem e o seguinte a 1ª. ordem, até o valor final de . Após cada integração foi adicionado o bloco de ganho, Damping na segunda ordem e Spring na
primeira ordem. Esses operadores foram invertidos para receber o resultado da integração. Posteriormente, a saída
 foi ligada ao bloco Scope. O sistema foi então ligado ao operador Sum e realizado a simulação. O resultado gráfico está na Figura 8.

Figura 7 – Modelo de Amortecimento (Massa e Mola)

 

Figura 8 – Resultado Gráfico do Sistema de
Amortecimento (Massa e Mola)

 

O modelo em blocos de Amortecimento (Massa e Mola), configurado com os parâmetros acima, apresentou um valor máximo de aproximadamente 3,5 em um tempo de 1,825.
E conseguiu estabilizar em um tempo de 5,425 com o valor final de aproximadamente 3. Esse modelo representa a característica de um sistema superamortecido. 

Uma análise mais detalhada mostra que o tempo necessário para o sistema atingir o primeiro valor de estado (Rise Time) foi menor que 1s, ou seja, aproximadamente 815 ms. O valor máximo de resposta (overshoot) foi de aproximadamente 3,5 (3,489). Já o tempo que o sistema demorou em atingir o estado estacionário (setting time) foi a partir de 5,425,
com o valor final (steady state), após o comportamento se dissipar, igual a 3. A Figura 9 ilustra as características do sistema.

Figura 9 – Características do Sistema de Amortecimento (Massa e Mola).

 

Alteração da Massa

Para a realização dos testes do impacto da massa no Sistema de Amortecimento (Massa e Mola), foram testados os seguintes valores no bloco gain (): . Considerando o valor de .

O primeiro resultado, com o ganho de , conseguiu atingir em  o valor igual a , ou seja, o sistema ficou mais amortecido (superamortecido). O valor máximo de pico foi igual a . Já com o valor de o sistema chegou ao valor máximo de em um tempo de , o rise time foi menor que o anterior, aproximadamente . O sistema conseguiu atingir o setting time em  com o valor igual a 3, tendo um comportamento com menor amortecimento que o anterior. Com o valor de , o valor máximo foi aproximadamente  e o setting time foi superior a , ocasionando um subamortecimento. Por fim, com o valor de , o sistema alcançou o valor máximo de aproximadamente  em e não conseguiu atingir um comportamento estável (o sistema não parou).

Pode-se concluir que quando a massa aumenta, diminui o valor máximo e o sistema atinge o a condição de estabilidade mais rapidamente (superamortecimento). Com o valor
de massa menor, o sistema atinge maiores valores de overshoot, ocasionando um subamortecimento. À medida que a massa diminui (tende a zero), o sistema não para. A Figura 10 mostra os resultados gráficos dos testes.

                                                    

               

                                           

 Figura 10 – Testes de valores de massa no Sistema de Amortecimento (Massa e Mola): .

Alteração da Constante de Amortecimento

A variação da constante de amortecimento , provoca alterações de comportamento do sistema de Amortecimento (Massa e Mola). Os valores testados em  são: , considerando o valor de . Percebe-se que quando o amortecimento diminui e tende a zero , o sistema aumenta o valor de máximo e o número de picos, ocasionando a situação de que o sistema está criticamente amortecido (não para). Já com o valor de  o sistema atinge o valor de estabilidade (aproximadamente ) em , ocasionando um subamortecimento. Com valores maiores de , o sistema apresenta o comportamento de superamortecimento, ou seja, atinge o valor de estabilidade igual a  em menor tempo. Porém, quando o valor do amortecimento cresce, o sistema não consegue atingir o valor
de estabilidade inferior a
 em um tempo menor que . A Figura 11 mostra o comportamento gráfico da variação dos valores da constante .

                                                       

                                                     

 

Figura 11 – Testes de valores de amortecimento  no Sistema de Amortecimento (Massa e Mola): .

 

Alteração do Coeficiente de Elasticidade

A variação do coeficiente de elasticidade (mola) , provoca alterações de comportamento do sistema de Amortecimento (Massa e Mola). Os valores testados em  são: , considerando o valor de. Percebe-se que quando o amortecimento diminui , o sistema aumenta torna-se criticamente amortecido. Quando  o sistema torna-se mais estável que o anterior, ou seja, consegue atingir em o setting time (estágio estacionário).  Quando  cresce o valor de máximo diminui e o sistema torna-se superamortecido. Com  o valor máximo diminui () e o sistema consegue atingir o setting time em , um valor de . E, por fim, com  o sistema consegue atingir o setting time em tempo menor que o anterior, e  o valor máximo tornam-se menor que 1.  A Figura 12 mostra o comportamento gráfico da variação dos valores da constante .

a) k=0,2                                  b) k=0,5

c) k=1                                d) k=2

e) k=5

Figura 12 – Testes de valores do coeficiente de elasticidade  no Sistema de Amortecimento (Massa e Mola): .

 

 4ª Parte – Circuito Elétrico Simples RLC

 

Esta atividade está relacionada à construção de um Circuito Elétrico Simples RLC, em  série que possui resistor, bobina e capacitor, conforme esquema visto na Figura  13.

Figura
13 –
Esquema de um Circuito Elétrico Simples RLC

Esse Sistema pode ser modelado em duas EDOs de ordem 1, representando a corrente (i)  e a potência elétrica (e), conforme equação abaixo:

Os  parâmetros adotados são Resistência (), Bobina () e  Capacitor (). Criou-se o modelo em  bloco contemplando as duas EDOs e criando a interligação entre elas, pois o   valor correspondente a integral da potência abastece a integral da corrente. Os  valores de entrada do bloco (Step) foram configurados para inicial igual
a 1 e final igual a 5. A Figura 14 mostra o esquema em bloco para o Circuito  Elétrico Simples RLC.  

Figura
14 –
Esquema em blocos de um Circuito Elétrico Simples RLC

O gráfico da Figura 15 mostra a corrente (i) em função do tempo (t), percebe-se   que o máximo valor foi de aproximadamente  em ,  posteriormente, esse valor decai até . O gráfico da Figura 16 mostra a potência (e) em função do tempo (t), percebe-se que a potência aumenta   e atinge o valor de  em ,  mostrando uma curva crescente.

Figura 15 – Corrente x Tempo – Circuito Elétrico Simples RLC

Figura 16 – Potência x Tempo – Circuito Elétrico Simples RLC

Foram   testadas a variação dos parâmetros R, L e C no modelo, porém demora um pouco  mais para atingir, e menores valores de mínimos. Em contrapartida, quando R aumenta, o valor da corrente (i) diminui e tem menores mínimos, já a corrente   (e) cresce mais lentamente. O parâmetro L (bobina), quando diminui aumenta o
valor máximo da potência e aumenta a resistência, diminuindo o seu declínio. Quando aumenta o valor de L, a potência tem declínio mais abruto e tende a zero
e a corrente tem tendência para aumentar e em seguida manter-se constante. A  redução do parâmetro C produzir um maior máximo e declínio mais suave da
corrente, enquanto a potência cresce mais lentamente. Ao aumentar o valor de C, temos o aumento da corrente e em seguida chega-se no estágio estacionário. Já a
corrente diminui e tem declínio abruto tendendo a zero. 

Foram realizados experimentos com o método tentativa e erro para atingir os seguintes parâmetros: Rise Time inferior a , Setting Time inferior a , overshoot inferior a ,  para esses testes variou-se os parâmetros R,  L e C, conforme tabela abaixo:

Trial

R

L

C

Setting Time

Overshoot

Meet Constraints?

1

3

2

4

3,232 s

0,356 V

Rise Time=613,852 ms.

Valor de i não poderá ficar negativo.

2

3.5

2.5

3.5

2,508 s

0,209 v

Rise Time=631,303 ms

Valor de i não poderá ficar negativo.

 Foi possível atingir o resultado de forma satisfatória com a configuração número 2, conforme Figura 17.

 

Figura 17 – Gráfico Potência x Tempo – Circuito Elétrico Simples RLC conforme especificação ideal.

 

CONCLUSÃO

Conclui-se que é possível modelar um sistema em blocos para resolver questões de EDO de 1ª e 2ª ordem.  Foram testados 3 modelos de Sistemas dinâmicos, sendo o primeiro
uma EDO de 1ª. Ordem simples, o segundo o Sistema de Amortecimento (Massa e Mola) – EDO de 2ª. Ordem e o terceiro um Circuito Elétrico Simples RLC, com duas EDOs de 1ª ordem. A configuração dos parâmetros altera o comportamento do sistema em todos os casos. No Sistema de Amortecimento (Massa e Mola) tem-se que o aumento da massa ocasiona o superamortecido, já quando diminui o amortecimento aumenta o valor de máximo e o número de picos, ocasionando um sistema criticamente amortecido (não para). No modelo de Circuito Elétrico Simples RLC, quando a Resistência (R) diminui, a potência (e) cresce mais rapidamente e a corrente (i) tem maiores valores de máximo. Quando ocorre redução do valor do Capacitor (C), produzir maior valor de máximo e declínio mais suave da corrente (i), enquanto a potência (e) cresce mais lentamente. Por fim, quando o parâmetro referente à bobina (L) diminui, aumenta o valor máximo da potência (e) e a corrente diminui. Os testes mostraram que é possível modelar sistemas de Equações Diferenciais Ordinárias de forma satisfatória no Simulink.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

SIMULINK, Getting Started Guide, Simulink 9.2
(Release 2018b),  MathWorks, September 2018.
Disponível em <https://www.mathworks.com/help/pdf_doc/simulink/sl_gs.pdf>.
Acesso em 12 de Março de 2019.

 

 

 

Resolvendo EDOs no SIMULINK